
Este Sábado vai ser a última festa dos santos populares realizada este ano pelo CPCD. Actua o novo grupo de música popular da casa. Será a primeira vez que os vejo tocar. Tenho também a incumbência de tirar uma fotografia oficial ao grupo, enquanto a Aline e a Mariana tomam conta da quermesse.
Tirámos a fotografia às 21h20, quando chegaram todos os elementos do grupo. Já está pouca luz, por isso não conseguirei tirar uma fotografia perfeita, capaz de ser ampliada para um grande cartaz. Mas os músicos colaboram mantendo-se quietos, e consigo uma boa foto para usar na Internet.
O grupo continua a instalar material e depois a testar o som. O técnico de som presente esforça-se, mas está a trabalhar com material emprestado, que tem de ser ligado aos amplificadores dos músicos e a muitos microfones. Há cabos e microfones que se desligam, criando problemas de som.
Rafael Baptista, acordeão
O Rafael tinha levado o acordeão, na esperança de tocar num intervalo. Por sugestão dos técnicos de som, toca enquanto os músicos jantam. O técnico tira um microfone do palco, ajeita-o à altura do acordeão.
O Rafael hesita, está nervoso, mas depois lá toca e consegue algumas palmas. Quinze minutos depois, os músicos do grupo sobem ao palco e acaba-se a primeira experiência da noite.
Primeira parte
O grupo tem quatro cavaquinhos, duas violas, baixo, bateria e órgão. Três dos músicos também cantam. Começam com o Fadinho Serrano, passam pelo Bailinho Madeirense. Para os viras, um dos tocadores de cavaquinhos toca acordeão. Segundo o Rafael, toca o acordeão muito bem.
Está menos gente que na festa anterior do CPCD. Há outras festas perto, nas Bragadas e na Via Rara. E saberei mais tarde que o famoso Quim Barreiros está a actuar em Alverca. Por isso, dançam apenas algumas mulheres, sozinhas ou aos pares. Dançam também algumas crianças, uma delas tão irrequieta que não deixa dançar as outras. Surpresa, dançam também o Rafael e a Mariana, pois a quermesse também está menos animada.
Após tocar uma hora, o grupo fez o primeiro intervalo. O presidente do CPCD aproveita para agradecer à dúzia de casas comerciais que tem apoiado as várias iniciativas do clube, incluindo estas festas.
Marco Leitão, bateria
O técnico de som passa música gravada. Um jovem músico sobe ao palco, instala-se na bateria, e começa a tocar por cima do som gravado, enquanto o presidente e alguns músicos do grupo observam atentamente. O músico chama-se Marco Leitão, e será a segunda experiência da noite. Segundo o presidente, é um rapaz que há-de voltar ao clube.
Segunda parte
Já são onze e meia quando o grupo começa a segunda parte. Há mais gente a dançar, e as mulheres formam uma enorme roda.
À meia-noite, chega o grupo que fotografei na outra festa. Gostaram das fotografias, pedem mais uma, pois têm outro amigo com eles. Posam os quatro. Quando dançam, pedem mais fotos. O outro amigo, provavelmente picado pelo grupo, dança com uma das mulheres (mais velha) que dança sozinha desde o início da festa. Pouco depois, baralham outro e deixam-no a dançar com um pau de vassoura. Tudo por uma boa piada.
Uma mãe tem um bebé a dormir ao colo e uma “máquina de mãe”, ou seja, uma ultra-zoom. Tira algumas fotografias com flash.
Há pelo menos uma família, pai, mãe e filho, com o dinheiro contado. O filho bebe um Sumol, a mãe dança, o pai observa. Horas depois, o segundo Sumol é negociado. É um significado do “popular” em CPCD: proporcionar festas a quem não frequenta o Pavilhão Atlântico.
Pouco antes da uma, novo intervalo. O presidente volta a discursar. Desta vez agradece a quermesse, agradece o empenho da Aline que trouxe uma nova animação à cultura no CPCD, agradece aos sócios. Relembra que o futuro está nos mais novos, que ele não vai ser presidente para sempre.
Terceira parte
Já é quase uma da manhã, e subitamente a pista anima-se. Uma mulher dança descalça. Os músicos comentam “agora que vai acabar é que vêm dançar!” Mas também agora é que tocam os sucessos garantidos, incluindo o incontornável “Apita o Combóio” que trás ainda mais gente para a frente do palco. Forma-se o combóio, que percorre todo o espaço entre o palco e o bar. E depois, outra roda.
Uma das dançarinas aproxima-se da quermesse e queixa-se: “Estou cansada! E amanhã tenho que me levantar às seis!” Mas depois, dá meia volta e vai dançar de novo.
Aproxima-se um cliente invulgar da quermesse, copo de vinho na mão, com algumas moedas atrás das costas. Gasta 50 cêntimos, fica surpreendido por ganhar um pequeno prémio. Esta quermesse traz mais felicidade que a lotaria.
Pouco antes das duas, o baile acaba. A quermesse ainda faz umas vendas finais, o suficiente para ultrapassar o objectivo do dia.
Vida de artista
São horas de partir. O Rafael pousa a caixa do acordeão em frente ao bar, enquanto esperamos pela Aline. O teclista do grupo aproxima-se e fala com o Rafael. Começou a tocar com o professor Alfredo Marujo (o mesmo do Rafael) quando tinha 18 anos, em 1963. “Era um grande grupo!” Deu alguns conselhos ao Rafael.
Soube mais tarde que este músico esteve hoje na festa em vez de estar a velar o pai, que acabou de morrer. Mas se ele não viesse, o grupo não teria podido actuar. É o outro lado da vida de artista.
Fotografia
Tirei 225 fotos, escolhi 91. Tal como na festa anterior, levei apenas lentes de distância focal fixa, que fotografam melhor com pouca luz:
- Canon EF 20mm f/2.8 USM
- Esta é uma lente nova (uma rara compra de oportunidade), estreada na festa de São João dos Montes. Esperava usá-la para fotografar o ambiente geral, ou grandes grupos de pessoas. Tirei boas fotos do ambiente geral, e algumas da pista de dança, especialmente na grande roda.
- Canon EF 40mm f/2.8 STM
- Surpreendeu-me a beleza das cores. Voltou a ser uma lente natural de usar, e tirou a fotografia oficial do grupo a f/4 e 1/30s. Suspeito que esta lente transmite muito mais luz ao sensor que a lente anterior.
- Canon EF 85mm f/1.8 USM
- Fez trabalho de retrato, incluindo dançarinos e músicos do grupo.
Referências
Manuel Valente, técnico de som:
- 96 443 8747.
CPCD, Centro Popular de Cultura e Desporto:
- Av. Póvoa de Dom Martinho — 2625-235 Póvoa de Santa Iria
- geral@cpcd.pt — 21 959 5162 — www.cpcd.pt
- cultura@cpcd.pt — Aline Lopes, directora com o pelouro da cultura.