34º Salão de Artesanato em Vila Franca de Xira

A Tribo da Fotografia organizou uma sessão fotográfica aos artesãos da Feira de Outubro de Vila Franca de Xira, designada como “XXXIV Salão de Artesanato”, que decorre entre 3 e 12 de Outubro. O Miguel Mestre conseguiu-nos as acreditações para a manhã de Domingo 5 de Outubro, numa altura em que a exposição estava fechada ao público.

No hall de entrada há 700 Kg de madeira no chão. Um cartaz reivindica que Antero Botelho (Alverca) construiu o maior terço do mundo, com 60 metros de comprimento. É um chamariz para vender réplicas consideravelmente mais pequenas e leves por €20.

Já dentro da exposição, há filas de stands. Alguns stands estão abandonados ou mesmo tapados, mas na maioria deles os artesãos aproveitam para trabalhar um pouco e exibir a sua arte.

Jorge Costa, Pardieiros Decido começar por fotografar apenas com a lente fixa de 20mm f/2.8 USM. Fotografo rapidamente Jorge Costa (Pardieiros), que faz enormes colheres de pau em frente a um monte de fotógrafos. Depois, ajoelho-me para fotografar Maria Amélia Queiroz (Cooplixa), tão embrenhada no seu trabalho que mal levanta a cabeça.

Como as paredes dos dois stands estão recheados de peças (colheres de pau e toalhas bordadas), as fotografias mostram cada um dos artesãos literalmente rodeados pelo seu trabalho. Gosto. Estou a fotografar os artesãos e o seu trabalho, e não apenas as peças.

Logo a seguir encontro o stand de Isabel Gomes (São João das Areias). Há tantas bonecas coloridas que mal se vêm as paredes. Mas a artesã está fora do stand, a contemplar o seu trabalho. Tenho de a provocar, sugerindo que gostava de fotografar “a boneca no meio das bonecas”. Acede, corada e feliz.

Maria da Silva Cardoso (Olaria Olivério Dourado) pinta cuidadosamente um prato de barro. Como está sentada num canto aberto ao público, também consigo fotografar a pintura manual. Ofereço-me para lhe dar a fotografia, mas não tem email, e tarda em encontrar o da filha. Mas trago o cartão da artesã.

Óscar Rodrigues, Valbom Já na outra ponta do pavilhão, encontro Óscar Rodrigues (Valbom) a fazer um minucioso trabalho de joalharia. Já não é novo, e espanto-me como ainda tem vista para este trabalho. Convida-me a entrar, aprecio melhor a delicadeza do trabalho. Levanta-se, conta-me que começou a trabalhar em filigrana aos 14 anos, depois de sair da escola primária. Abre o expositor, mostra-me algumas peças, explica o que é exactamente o fio de filigrana.

Envolvido na conversa, parei de fotografar. Mas outros membros da tribo aproveitaram a oportunidade. As peças de joalharia exigem outra lente que não a grande angular. Abandono o stand com intenção de voltar mais tarde com outra lente (e mais luz, que o Sol vai subindo) mas quando voltei já o Sr. Óscar tinha saído para almoçar, deixando o stand tapado.

António Gomes (Mangualde da Serra) está sentado com um enorme pano de lã sobre as pernas. Meto conversa, pois a Aline é de Mangualde, mas o Sr. António esclarece o equívoco: ele é de Mangualde da Serra, a 24 Km da Mangualde que conheço (e que ele chama Mangualde de Azurara, pois o nome era Azurara da Beira até ao século XIX).

O Sr. António conta que depois de reformado é que resolveu voltar ao trabalho na lã. Em vez de ficar parado, já percorreu o país para expor em várias feiras como esta. O enorme pano de lã há-de ser cortado para fazer cachecóis, depois de ser lavado e tratado por outro artesão.

Elisabete Fernandes (Artesalhas) forrou o seu stand com palhinhas, incluindo o tecto, criando um ambiente especial para as suas bruxinhas voadoras e roupas de feltrada.

António Real, Portalegre António Real (Portalegre), também conhecido como Sr. Galguinho, faz entalhes numa peça de madeira. Surpreende-me a forma como protege dois dedos da mão com dedeiras em couro e em cota de malha.

Ao lado, uma pedra de afiar. Explica que a seiva da cortiça não cozida é tão agressiva que é preciso afiar a faca depois de cada corte.

José Luís Dias (Aveleira) entrança um cesto com confiança. Explica que só baixa o preço se o cliente der pelo defeito.

No stand de António Rocha (Vila Nova de Gaia) cheira a cola. Deixou várias peças de madeira a colar durante a noite. Aproveita a minha presença para tirar os pequenos pregos que ajudaram a fixar as peças.

Conceição Madeira, Estremoz Conceição Madeira (Estremoz) posa no meio dos seus trabalhos em pele, com um orgulhoso sorriso. Enquanto olho em volta à procura de mais motivos para fotografar, sugere-me que fotografe a “sua” Rainha Santa Isabel, um quadro feito com pedaços de diferentes peles que retrata o milagre das rosas. Como ainda estou com a lente de 20mm, não consigo fotografar só o quadro. A Conceição sugere ficar de costas a olhar para o quadro mas, após alguns minutos, lá se deixou fotografar ao lado da sua rainha.

Carlos Pina (Gonçalo) faz um pequeno cesto, mas também tem em exposição um carrinho de bonecas. Pergunto se vende muitos. Diz que vende quer para bonecas quer para bebés a sério.

Finalmente encontro uma artesã da Póvoa de Santa Iria a fazer um tapete de Arraiolos. Diz que é simultaneamente professora e aluna na Universidade Sénior, mas não consigo apanhar o nome.

Ana Rodrigues (Louriceira) está sentada no meio de frades e presépios em barro, a conversar com uma colega que se retira rapidamente porque “aquela não é a arte dela”. A colega insiste que vá fotografar o marido, e leva-me até à outra ponta do pavilhão.

José Vilaça, Azeitão José Vilaça (Azeitão) é joalheiro. Está a fazer um anel extravagante, com uma enorme folha. Diz que trabalha muito para estrangeiros e para estilistas, e que já fez anéis verdadeiramente grandes, por exemplo um com uma enorme fivela. Usa um pequeno maçarico para aquecer o anel até o metal ficar incandescente.

Não me atrevo a aproximar demasiado a lente 20mm, por isso não consigo fotografar o anel incandescente. Troco para a lente de 85mm, mas descubro horrorizado que tenho que fotografar a um metro de distância. Não quero ficar tão longe, estou a gostar desta proximidade com os artesãos. Como compromisso, coloco a panqueca de 40mm f/2.8 STM.

Dei uma segunda volta ao pavilhão a tentar fotografar detalhes mas, quando cheguei ao stand de Diamantino Mendes (Pombal) e Leonor Ferreira (Vila Franca de Xira), desejei ter outra vez a 20mm colocada. Tirei o mesmo tipo de foto do artesão no meio das suas peças, mas prefiro a sensação de espaço da grande angular.

Entretanto já passa do meio-dia, e anunciam que temos que sair. Cá fora, o Miguel Mestre discursa, pede que coloquemos as fotos no grupo de Facebook da Tribo, para serem disponibilizadas aos artesãos.

Eu vou pensando na melhor forma de fotografar o grupo de fotógrafos. Estamos à sombra, mas o sol do meio-dia está forte. Não há boa forma de fotografar o Miguel Mestre a discursar para o grupo, mas entretanto volto a colocar a lente de 20mm.

Tribo da Fotografia

Subitamente o Miguel Mestre lembra-se de tirar uma fotografia oficial do grupo, e pergunta “Alguém tem uma grande angular?” Tenho, e está pronta! Mando o grupo recuar mais para a sombra, subo para um banco de cimento e tiro a primeira fotografia.

Depois lembro-me do telecomando. Pouso a máquina no banco, pego no comando, e junto-me ao grupo. Felizmente, a luz ambiente não impede o comando de infra-vermelhos de funcionar, e tiro várias fotografias. Mesmo sem tripé, a altura do banco foi suficiente para apanhar bem o grupo. Com tripé, podia ter incluído o texto “Vila Franca de Xira” por cima da porta do pavilhão. Teria sido a fotografia perfeita.

Fotografia

Tirei 253 fotos, escolhi 141, publico 117. Usei principalmente a lente grande-angular de 20mm f/2.8 USM para fotografar os artesãos no meio das peças expostas no seu stand. Usei a lente 40mm f/2.8 STM para fotografar pormenores.

Em pós-produção, tentei identificar os artesãos em cada foto, usando as identificações, fotografias gerais, os cartões de visita que recolhi, e a informação disponibilizada pela organização. Fiz algumas deduções que podem estar erradas, mas apenas resolvi não arriscar numa das artesãs.

Referência

Contactos dos artesãos
Lista dos artesãos presentes no XXXIV Salão de Artesanato, descarregado do site da Câmara.
Feira Anual de Outubro
Página da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira com informações sobre a feira e sobre a exposição de artesanato.
Tribo da Fotografia
Grupo fechado no Facebook, centrado em Vila Franca de Xira. “A Tribo da Fotografia deu os seus primeiros passos em Fevereiro de 2011 por um grupo de amigos no facebook com uma paixão por fotografia, que se juntaram para fazer um passeio fotográfico. ... Aqui o único interesse é fotografar.”

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