A primeira vez que me lembro de ouvir falar de bênção de finalistas foi em 1989, já depois de ter acabado o meu curso. Na verdade a bênção tinha começado de forma discreta em 1983.
Na primeira bênção, em 1983, estavam 72 finalistas. 72 mais os turistas, porque foi na Sé.
— Helena Neves, responsável pela Pastoral Universitária de Lisboa, na RR em 2013
Neste ano de 2015, estiveram presentes alunos de 48 faculdades, reunindo uma multidão de alunos, amigos e familiares. Estive lá para celebrar a licenciatura pós-Bolonha de um sobrinho.
A primeira coisa que me impressionou, ao atravessar o Campo Grande, foi encontrar grandes grupos de estudantes de capa e batina, que caminhavam em grandes grupos em direcção à Reitoria, até ocuparem toda a frente da Reitoria.
A segunda coisa que me impressionou foi ver passar familiares em cadeira de rodas. Mais tarde, encontrei-os protegidos pela sombra das poucas árvores no meio do relvado. Houve pessoas que fizeram um esforço extraordinário para estarem presentes.
Mais para trás, aproveitando as sombras possíveis, espalhavam-se familiares e alguns grupos de estudantes, estranhamente desinteressados da festa. Umas vezes pareciam preferir a companhia da família. Pelo menos em alguns casos, suspeito que não seriam católicos. Vi grupos de aspecto muçulmano e indiano, uma prova que esta bênção católica já é mais que apenas católica.
Fui à “capela” com os homens crescidos do grupo, ou seja, à tasca ao virar da esquina, que neste caso era o restaurante-pastelaria “A Horta”. Estava a transbordar, com fila à porta. Mas deu-se o milagre, e tivemos direito a mesa para quatro. Lá dentro, a mini a €0.60 saía a bom ritmo, pró menino e prá menina. Na casa de banho, as mulheres apanhavam o cabelo em rabos de cavalo, para combater o calor do Sol.
Não costumo fazer fotografia de rua, mas já tinha tirado todas as fotografias possíveis onde o grupo estava. Resolvi aproximar-me da Reitoria e fotografar a multidão. Vi pelo menos outra rapariga franzina a fazer o mesmo. A objectiva 24-105mm proporcionava fotografias de conjunto, ou obrigava-me a aproximar para tirar fotografias de corpo inteiro.
Bem no meio do relvado da Cidade Universitária, surpreendia uma tenda branca com um duplo tecto de quatro águas. Era o hospital de campo da Cruz Vermelha. Surpreendentemente, a responsável pediu-me para não fotografar. Ordens “de cima”, disse ela, mas pareceu-me mais que eram ordens dela própria. Ficou por tirar a fotografia (a 24mm) que mostraria o interior do hospital de campanha, a diferença entre o fora (uma simples tenda branca) e o dentro (um hospital equipado com três quartos e 6 funcionários). Ficou por fotografar uma parte da festa.
Quando cheguei a casa, queria realçar as capas e batinas pretas. Acabei por cair no preto e branco, que permite realçar os próprios finalistas batidos pelo Sol inclemente do meio dia. A cor ficou reservada para a multidão, excepto quando o próprio finalista era colorido, ou quando o sinal de trânsito lutava sozinho contra a multidão.
Referências
- Bêncão de Finalistas 2015
- Informação do CeUC, Centro Universitário Católico de Lisboa (Pastoral Universitária).
- Transmissão do evento
- Transmissão do evento via YouTube, cortesia do CeUC. Duração, 1h21. Foi a primeira missa de finalistas transmitida em directo via Internet.