Festas Populares no CPCD com Ana Bela

É Sábado, e o CPCD vai realizar hoje uma das suas várias festas dos santos populares. Mas desta vez, a Aline está fortemente envolvida, sendo a directora com o pelouro da cultura. Chegámos às 20h00, para abrir a porta aos artistas, que começam a montar o material, enquanto nós comemos no bar do CPCD. Há sardinhas, bifanas, couratos, saladas frias.

Pelas 21h30, o palco está pronto, incluindo dois robots de iluminação, e passa música gravada. A iluminação é simples mas muito eficaz em criar um ambiente de festa. A Aline também já abriu a quermesse, depois de lutar para colocar no lugar um enorme tampo de cozinha, juntamente com a Argentina.

As mesas na esplanada estão ocupadas com famílias que também jantaram no CPCD. Conversa-se tranquilamente. Dentro do bar, acompanha-se o futebol.

Sem nada para fazer enquanto a festa não começa, procuro outras fotografias. Descubro uma horta atrás do palco, mas não consigo uma boa posição para fotografar o rio. Duas crianças brincam, correm de um lado para o outro. Subitamente uma menina (6 anos?) mete conversa comigo: “A tua máquina tira fotografias de noite? Tentei com o meu tablet mas não ficam bem”. Respondi que sim, se mantivesse a máquina muito quieta. Continuou a brincadeira.

Cinco minutos antes das dez, o presidente Manuel Alfaiate faz o seu discurso de abertura do baile, e depois vai comprar umas rifas à quermesse. A Ana Bela começa a cantar, tocando acordeão, acompanhada pelos ritmos automáticos do órgão. A pouco e pouco, algum pessoal levanta-se das mesas, começa a dançar. Algumas mulheres, alguns casais, mas também mães e avós com os filhos pequenos. A Ana Bela interage com o técnico de som, Fernando, e vai afinando o som.

A quermesse também se vai animando, e as crianças vão coleccionando pequenos tesouros inesperados. São mais baixas que o balcão da quermesse. Umas são levantadas pelos pais até ao balcão, enquanto outras acabam por receber os prémios por debaixo do balcão.

Às 22h30, já chegaram mais grupos, mais casais, mais crianças. Há uma dúzia de pessoas a dançar, e muitas mais a ver. Uma mulher irrita-se com os chinelos que trazia, e dança descalça. Há muita gente na pequena tira de relva, infelizmente conspurcada previamente por alguns cães com donos porcos.

A Ana Bela chama pessoas à pista, anunciando que a próxima música é “para aquela pessoa que acabou de dançar tão bem”. Em cada música, uma pessoa diferente. Uma hora depois, todos dançam, casais ou grupos, e subitamente parece que não há zonas livres na pista. Excepto à volta de um pequeno casal (5 anos?), que rodopia sem parar (e sem ver para onde vai) enquanto a avó os orienta, barrando-lhes o caminho de vez em quando.

Ao lado da quermesse, uma adolescente prefere jogar no telemóvel, alheia à agitação que se desenrola à sua volta.

Já depois da meia noite, há grupos que passam ao longo da rua e que são surpreendidos pela festa. Entram durante alguns minutos, dançam ou bebem. O grelhador continua a funcionar, continua a haver couratos e bifanas.

À meia noite e meia, começa a haver menos pessoas a dançar. Voltam as avós com os netos à pista. Mas há pessoas novas a dançar, incluindo um grupo mais jovem que chegou entretanto. Reparam que os fotografo, e acabam a pedir-me mais fotografias.

À uma e meia, a Ana Bela usa a sua última arma secreta, canta o “apita o combóio”. Volta a animação à pista, formam-se dois combóios que serpenteiam pela pista até se juntarem. Depois, forma-se uma grande roda, enquanto alguns casais continuam a dançar.

Às duas, acaba o baile. Arrumo a máquina, mas o grupo mais jovem pede-me mais uma fotografia com o “velho que toma conta de nós, por isso merece o nosso respeito”.

No fim do baile, converso um pouco com os artistas, para lhes pedir os contactos. A Ana Bela tocou sem parar durante quatro horas, animando o baile de forma extremamente competente. O som foi sempre nítido, sem distorções.

O Fernando Batista é o técnico de som, trabalhou o dia todo, e vai continuar amanhã, pois é responsável por todo o som nas festas das Bragadas, no cimo do monte. Comenta que este ano tem o dobro das festas do ano passado. Não me espanta, pois achei o trabalho dele extremamente competente.

A crise não é toda má

Mas tenho uma teoria própria sobre a crise. Passámos por uma crise de riqueza em que qualquer pessoa com cinco tostões a mais (por vezes, cinco tostões de crédito a mais) ia passar férias às Canárias, a Punta Cana, ao Egipto, à Turquia. Para fazer umas férias de sonho, para fazer inveja aos amigos. As festas populares eram para os que ficavam, ou para os emigrantes nas aldeias, indignas de quem fazia figura de rico... e as festas das colectividades eram duas vezes mais indignas.

Agora que se acabou o crédito, redescobrem-se as colectividades, que sempre estiveram lá. E redescobrem-se as festas populares, que são muito nossas... E que as nossas comunidades de emigrantes reproduzem, um pouco por todo o mundo.

Fotografia

Foi a estreia da minha nova objectiva fixa, uma Canon EF EF 40mm f/2.8 STM. Além desta pequena lente, apenas levei a Canon EF 85mm f/1.8 USM. Ou seja, não levei qualquer lente zoom.

A lente 40mm é muito pequena, tornando a máquina menos visível. É uma abertura muito natural para fotografar pequenos grupos, mas também me permitiu tirar várias fotografias próximas de forma discreta... mesmo a um metro de distância.

Referências

Ana Bela, acordeonista / vocalista:

  • Casamentos, baptizados, festas, eventos. Material de som e iluminação profissional.
  • 965 516 607 — 212 741 458

Fernando Batista, karaoke / DJ:

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